Esquizofrenia na Visão de Especialistas
Como forma de reforço e complemento a muitos conceitos importantes
sobre Esquizofrenia emitidos no meu Artigo “Esquizofrênico é Agressivo e
Violento?” de 06/02/2014, vou reproduzir aqui nesse espaço uma
importante Nota de Esclarecimento sobre ESQUIZOFRENIA emitida em
07/02/2014 pelos maiores especialistas do tema específico e todos
membros da Diretoria da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) da
qual tenho a honra de participar. Temos o dever social de lutarmos
contra o que denominamos de PSICOFOBIA. Quanto mais pudermos divulgar
informações corretas e de utilidade pública às pessoas sobre o tema,
muito melhor! Um grande abraço a todos.
NOTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRA (ABP)
Em função do acontecimento amplamente divulgado nos últimos dias
quanto a associação da esquizofrenia com a violência, a ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA – ABP vem esclarecer a população e se
posicionar em relação a esquizofrenia. Não trataremos especificamente do
caso do cineasta Eduardo Coutinho, pois não temos acesso ao diagnóstico
do suspeito Daniel Coutinho e nem dados consistentes sobre a
ocorrência, e se trata de um caso pontual, o que não traduz a realidade
de todos os pacientes clinicamente diagnosticados com esquizofrenia.
A Esquizofrenia é uma doença mental que acomete aproximadamente 1% da
população mundial com prevalência mais em homens. E os primeiros
sintomas, quando o início não se dá por um surto franco, são insidiosos,
começam com esquisitices, alheamento social e familiar, isolamento,
queda de rendimento escolar e laboral, ideias bizarras, comportamento
estranho e injustificado, ideias de perseguição ou de grandeza, às vezes
delírios religiosos, alterações do ciclo sono-vigília, mutismo e o ato
de falar sozinho.
É importante que se saiba que o doente mental não é necessariamente
perigoso ou agressivo, quando recebe tratamento adequado. O tratamento
com um psiquiatra e com os fármacos indicados faz, em muitos casos, com
que os pacientes com transtornos mentais tenham uma vida normal e os
surtos e recaídas, sejam exceções e não regra. Recaídas em pacientes sob
tratamento variam entre 12 e 15%. Em pacientes não-tratados ou
não-diagnosticados corretamente, o risco de surtos psicóticos atinge em
torno de 70%.
Vale ressaltar que 95% dos crimes que ocorrem no Brasil são cometidos
por pessoas consideradas normais e apenas 5% são cometidos por doentes
mentais.
A Classificação Internacional de Doenças (CID-10) refere que: “A
maioria dos transtornos delirantes provavelmente não é relacionada à
esquizofrenia, embora seja difícil distingui-los clinicamente,
particularmente nos seus primeiros estágios”. Os sintomas da
esquizofrenia são muitos e diferem de indivíduo para indivíduo, os mais
comuns são as alucinações, o CID-10 também fala sobre isso: “O paciente
pode ver a si próprio como o pivô de tudo o que acontece. As
alucinações, especialmente auditivas, são comuns e podem comentar sobre o
comportamento ou os pensamentos do paciente”.
Os pacientes psiquiátricos são vítimas de uma política de fechamento
de hospitais. O Brasil não dispõe de um sistema de rede: ambulatórios
especializados - CAPS – hospital-dia – hospital-noite-hospital de
referência – internação especializada. Os cuidados são divididos entre
os poucos leitos disponíveis e um número insuficiente de outros
instrumentos. Ambulatórios regionalizados e especializados, fora do
sistema universitário, são raros, residências terapêuticas (hospital dia
+ hospital-noite) praticamente inexistem e o “sistema CAPS”,
reconhecidamente custoso é precário, seria necessário multiplicar por
dez o número ora existente, mais ou menos 2.000.
A saúde mental dos pacientes com transtornos mentais está agonizando
por falta de conhecimento, por falta de cuidados básicos e por padecer
de uma política pública não baseada no conhecimento científico.
A Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP estabelece um canal
permanente de informação e orientação à população e aos profissionais de
saúde, no sentido de defender os doentes mentais do preconceito e
valorizar o psiquiatra no seu papel assistencial e multiplicador do
conhecimento científico para tratamento dos transtornos mentais.
Os pacientes com esquizofrenia sofrem muito preconceito pela falta de
informação, estereótipos, ou distorções da realidade que são veiculadas
na ficção. Muitos personagens descritos como esquizofrênicos fazem com
que as pessoas tenham medo dos doentes mentais, e os próprios doentes
não buscam tratamento por causa desse preconceito. Precisamos divulgar a
informação correta, que incentive o paciente a se tratar e faça as
pessoas entenderem que Psicofobia (preconceito contraos portadores de Transtornos e de Deficiências Mentais) deve
ser considerado um crime. Já existe o Projeto de Reforma do Código
Penal (236/12), de autoria do Senador Paulo Davim, tramitando no Senado
que prevê isso.
A ABP trabalha pela valorização do psiquiatra na defesa dos doentes mentais contra o preconceito.
PSICOFOBIA é um crime!
Diretoria da ABP: Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP;
Alfredo José Minervino; Claudio Meneghelo Martins, Itiro Shirakawa, João
Romildo Bueno e Maurício Leão Rezende.
Como forma de reforço e complemento a muitos conceitos importantes
sobre Esquizofrenia emitidos no meu Artigo “Esquizofrênico é Agressivo e
Violento?” de 06/02/2014, vou reproduzir aqui nesse espaço uma
importante Nota de Esclarecimento sobre ESQUIZOFRENIA emitida em
07/02/2014 pelos maiores especialistas do tema específico e todos
membros da Diretoria da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) da
qual tenho a honra de participar. Temos o dever social de lutarmos
contra o que denominamos de PSICOFOBIA. Quanto mais pudermos divulgar
informações corretas e de utilidade pública às pessoas sobre o tema,
muito melhor! Um grande abraço a todos.
NOTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRA (ABP)
Em função do acontecimento amplamente divulgado nos últimos dias
quanto a associação da esquizofrenia com a violência, a ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA – ABP vem esclarecer a população e se
posicionar em relação a esquizofrenia. Não trataremos especificamente do
caso do cineasta Eduardo Coutinho, pois não temos acesso ao diagnóstico
do suspeito Daniel Coutinho e nem dados consistentes sobre a
ocorrência, e se trata de um caso pontual, o que não traduz a realidade
de todos os pacientes clinicamente diagnosticados com esquizofrenia.
A Esquizofrenia é uma doença mental que acomete aproximadamente 1% da
população mundial com prevalência mais em homens. E os primeiros
sintomas, quando o início não se dá por um surto franco, são insidiosos,
começam com esquisitices, alheamento social e familiar, isolamento,
queda de rendimento escolar e laboral, ideias bizarras, comportamento
estranho e injustificado, ideias de perseguição ou de grandeza, às vezes
delírios religiosos, alterações do ciclo sono-vigília, mutismo e o ato
de falar sozinho.
É importante que se saiba que o doente mental não é necessariamente
perigoso ou agressivo, quando recebe tratamento adequado. O tratamento
com um psiquiatra e com os fármacos indicados faz, em muitos casos, com
que os pacientes com transtornos mentais tenham uma vida normal e os
surtos e recaídas, sejam exceções e não regra. Recaídas em pacientes sob
tratamento variam entre 12 e 15%. Em pacientes não-tratados ou
não-diagnosticados corretamente, o risco de surtos psicóticos atinge em
torno de 70%.
Vale ressaltar que 95% dos crimes que ocorrem no Brasil são cometidos
por pessoas consideradas normais e apenas 5% são cometidos por doentes
mentais.
A Classificação Internacional de Doenças (CID-10) refere que: “A
maioria dos transtornos delirantes provavelmente não é relacionada à
esquizofrenia, embora seja difícil distingui-los clinicamente,
particularmente nos seus primeiros estágios”. Os sintomas da
esquizofrenia são muitos e diferem de indivíduo para indivíduo, os mais
comuns são as alucinações, o CID-10 também fala sobre isso: “O paciente
pode ver a si próprio como o pivô de tudo o que acontece. As
alucinações, especialmente auditivas, são comuns e podem comentar sobre o
comportamento ou os pensamentos do paciente”.
Os pacientes psiquiátricos são vítimas de uma política de fechamento
de hospitais. O Brasil não dispõe de um sistema de rede: ambulatórios
especializados - CAPS – hospital-dia – hospital-noite-hospital de
referência – internação especializada. Os cuidados são divididos entre
os poucos leitos disponíveis e um número insuficiente de outros
instrumentos. Ambulatórios regionalizados e especializados, fora do
sistema universitário, são raros, residências terapêuticas (hospital dia
+ hospital-noite) praticamente inexistem e o “sistema CAPS”,
reconhecidamente custoso é precário, seria necessário multiplicar por
dez o número ora existente, mais ou menos 2.000.
A saúde mental dos pacientes com transtornos mentais está agonizando
por falta de conhecimento, por falta de cuidados básicos e por padecer
de uma política pública não baseada no conhecimento científico.
A Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP estabelece um canal
permanente de informação e orientação à população e aos profissionais de
saúde, no sentido de defender os doentes mentais do preconceito e
valorizar o psiquiatra no seu papel assistencial e multiplicador do
conhecimento científico para tratamento dos transtornos mentais.
Os pacientes com esquizofrenia sofrem muito preconceito pela falta de
informação, estereótipos, ou distorções da realidade que são veiculadas
na ficção. Muitos personagens descritos como esquizofrênicos fazem com
que as pessoas tenham medo dos doentes mentais, e os próprios doentes
não buscam tratamento por causa desse preconceito. Precisamos divulgar a
informação correta, que incentive o paciente a se tratar e faça as
pessoas entenderem que Psicofobia (preconceito contraos portadores de Transtornos e de Deficiências Mentais) deve
ser considerado um crime. Já existe o Projeto de Reforma do Código
Penal (236/12), de autoria do Senador Paulo Davim, tramitando no Senado
que prevê isso.
A ABP trabalha pela valorização do psiquiatra na defesa dos doentes mentais contra o preconceito.
PSICOFOBIA é um crime!
Diretoria da ABP: Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP;
Alfredo José Minervino; Claudio Meneghelo Martins, Itiro Shirakawa, João
Romildo Bueno e Maurício Leão Rezende.
Diferenças cerebrais entre homens e mulheres justificam habilidades e comportamentos distintos?
Do ponto de vista médico, há estruturas cerebrais com morfologia e
funcionalidade diferentes entre o SNC (Sistema Nervoso Central) do homem
e da mulher.
Em parte, os comportamentos, atitudes,
pensamentos, habilidades e sentimentos femininos podem ser distintos aos
dos homens por tais diferenças anatômicas e funcionais entre os
cérebros deles. Esse é o papel das neurociências na atualidade, apontar
tais diferenças, a fim de que haja intervenções terapêuticas distintas e
até medidas preventivas.
Por que essa diferença entre o cérebro do homem e da mulher?
Sabemos que grande parte dessas diferenças decorre da exposição diferenciada do cérebro feminino ao hormônio estrogênio, já no intraútero, na gestação. O cérebro feminino vai se moldando e se desenvolvendo de uma forma distinta ao masculino já no intraútero.
Imagens da ressonância magnética funcional realizadas por neurocientistas apontam, entre inúmeras
outras diferenças (poderíamos citar dezenas delas encontradas na última década):
1. O cérebro das mulheres é aproximadamente 10% menor que o dos homens, porém, possui maior número de conexões entre as células nervosas. O corpo caloso que faz a comunicação entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo costuma ser mais desenvolvido nas mulheres. Isso leva a uma melhor integração de diferentes estímulos entre os dois lados do cérebro feminino. Geralmente, as mulheres fazem várias tarefas simultâneas como cozinhar, ler, cuidar da casa e dos filhos de forma mais eficiente que os homens.
2. O cérebro esquerdo é bem mais desenvolvido entre as mulheres;
3. O cérebro direito mais desenvolvido entre os homens – contrariamente ao que pensa o grande público – sabe-se ser o hemisfério esquerdo denominado “científico”, analítico, racional, verbal, temporal, enquanto o hemisfério direito é dito “artístico”, sintético, emocional, não verbal e espacial, isso sob a influência direta dos hormônios sexuais (testosterona e outros).
4. A mulher está mais sujeita a sentir depressão do que o homem e, quanto a isso, existe uma relação direta com a baixa produção da substância química cerebral, a serotonina, no cérebro feminino. As oscilações dos níveis de estrogênio em períodos críticos do ciclo reprodutivo feminino como o pré-menstrual, o pós-parto e a perimenopausa (periodo que se inicia cerca de 5 anos antes da menopausa e vai até um ano após) são “gatilhos” para a depressão feminina mais frequente, cerca de duas vezes.
5. O cérebro masculino é voltado para a compreensão, enquanto o feminino é programado para a empatia (cuidado com a interpretação).
6. As imagens mostraram que o lobo parietal inferior, área envolvida em atividades matemáticas, é maior no cérebro deles. Portanto, os homens costumam ser melhores em tarefas matemáticas, enquanto as mulheres se saem melhor em atividades verbais (cuidado com a interpretação!).
7. As mulheres são mais emotivas e expressam com mais facilidade seus sentimentos do que os homens, porque o sistema límbico delas é mais desenvolvido do que o deles (cuidado com a interpretação!).
Interpretação entre diferenças de gênero deve evitar reducionismo perigoso
Os neurocientistas e a sociedade têm que ter muito cuidado ao fazerem as interpretações de tais diferenças, sem reducionismos perigosos. Pode haver uma distorção ao fazer reforços de preconceitos existentes contra a mulher, justificando certas habilidades diferenciadas como um sinônimo de inferioridade.
Lembro-me do discurso infeliz de um antigo reitor da Universidade de Harvard, nos EUA, destacando que as mulheres não seriam tão eficientes e brilhantes no campo das Ciências Exatas. Isso não faz tanto tempo assim, é relativamente recente. No passado, até foram publicados artigos sobre tais diferenças em revistas científicas consagradas como Science and Nature, amplificando e reforçando a suposta inferioridade feminina. Por coincidência, muitos dos cientistas da época eram homens.
Nunca podemos também deixar de levar em consideração o ambiente e a cultura em que o homem e a mulher estão inseridos. Na minha prática clínica, conheço homens sensíveis, afetuosos, que se saem melhor em atividades verbais do que matemáticas ou lógicas. Por outro lado, conheço mulheres que são pesquisadoras brilhantes, exímias matemáticas e com afeto raso e pouco contato verbal.
Biologia e genética não determinam tudo sobre comportamento e habilidades humanas
A biologia e a genética, embora relevantes, não são os únicos determinantes do comportamento e habilidades humanas. Por isso, pessoalmente, eu detesto piadas ou jocosidades a respeito de tais diferenças porque, no fundo, há uma expressão (até inconsciente) de nossos preconceitos e projeções. Isso, é claro, pode ser oriundo tanto dos homens quanto das mulheres. Já ouvi mulheres afirmando “acho aquele cara esquisito, sensível e romântico, pouco decidido e muito delicado”.
Ouvi também comentários de homens do tipo “aquela ali é uma empresária agressiva, racional e mal amada”. Ambos comentários trazem no seu bojo a mensagem que a neurociência jamais quer que tais diferenças se transformem em julgamentos ou justificativas estigmatizadoras dos gêneros, sejam masculinos ou femininos. Até porque alguns cientistas afirmam que cerca de 20% dos homens têm cérebros “femininos” e até 10% das mulheres têm cérebro “masculinizados”.
No próprio campo da sexualidade humana, observamos mudanças do comportamento sexual da mulher, mais arrojada, determinada, exigente e erotizada. Apesar de alguns determinantes biológicos, isso ilustra o quanto o ambiente e as forças sociais podem interferir. O objetivo deve ser sempre o de aprimorar as competências tanto dos homens quanto das mulheres, nunca aprofundar abismos pré-existentes.
Muitos me perguntam por que as mulheres criam discussões em casa, o que elas têm, com relação ao gênero feminino, que contribui para os conflitos de casal. Não vejo que os conflitos entre os casais sejam decorrentes de questões intrínsecas do gênero como as pessoas costumam apregoar – pelo menos na maior parte dos contextos. O principal fator realmente costuma ser a expectativa que se projeta na figura do outro, geralmente, sempre superdimensionada no início de muitos relacionamentos.
A fase de encantamento acaba terminando e daí vem a frustração.
Alguns indivíduos, independentemente de serem homens ou mulheres, costumam projetar no outro verdades ou conceitos baseados em seus próprios valores. A figura idealizada de qualquer pessoa sempre acaba gerando consequências negativas. Ninguém, por melhor que seja, vai ser capaz de sustentar aspectos arquetípicos de um grande herói, infalível em sua essência. Por melhor que sejamos, nossa natureza humana pode se tornar frágil em algum momento.
Entre as questões que costumam gerar mais conflitos entre homens e mulheres, incluem-se a traição, o sentimento de rejeição de um ou de outro, a educação e os valores ensinados aos filhos, religião ou crença, brigas entre as famílias, dependência econômica e sexo. Não acredito ser possível classificar as mais típicas de um gênero ou de outro, tudo vai depender da dinâmica do casal e da própria família adotada em sua convivência diária, na capacidade individual de cada um poder crescer e se transformar.
Na sociedade atual, não vejo questões tão específicas ou típicas de um sexo em relação ao outro, há padrões mutáveis e imprevisíveis, devido aos múltiplos papéis envolvidos.
Fonte: Estado São Paulo
Sabemos que grande parte dessas diferenças decorre da exposição diferenciada do cérebro feminino ao hormônio estrogênio, já no intraútero, na gestação. O cérebro feminino vai se moldando e se desenvolvendo de uma forma distinta ao masculino já no intraútero.
Imagens da ressonância magnética funcional realizadas por neurocientistas apontam, entre inúmeras
outras diferenças (poderíamos citar dezenas delas encontradas na última década):
1. O cérebro das mulheres é aproximadamente 10% menor que o dos homens, porém, possui maior número de conexões entre as células nervosas. O corpo caloso que faz a comunicação entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo costuma ser mais desenvolvido nas mulheres. Isso leva a uma melhor integração de diferentes estímulos entre os dois lados do cérebro feminino. Geralmente, as mulheres fazem várias tarefas simultâneas como cozinhar, ler, cuidar da casa e dos filhos de forma mais eficiente que os homens.
2. O cérebro esquerdo é bem mais desenvolvido entre as mulheres;
3. O cérebro direito mais desenvolvido entre os homens – contrariamente ao que pensa o grande público – sabe-se ser o hemisfério esquerdo denominado “científico”, analítico, racional, verbal, temporal, enquanto o hemisfério direito é dito “artístico”, sintético, emocional, não verbal e espacial, isso sob a influência direta dos hormônios sexuais (testosterona e outros).
4. A mulher está mais sujeita a sentir depressão do que o homem e, quanto a isso, existe uma relação direta com a baixa produção da substância química cerebral, a serotonina, no cérebro feminino. As oscilações dos níveis de estrogênio em períodos críticos do ciclo reprodutivo feminino como o pré-menstrual, o pós-parto e a perimenopausa (periodo que se inicia cerca de 5 anos antes da menopausa e vai até um ano após) são “gatilhos” para a depressão feminina mais frequente, cerca de duas vezes.
5. O cérebro masculino é voltado para a compreensão, enquanto o feminino é programado para a empatia (cuidado com a interpretação).
6. As imagens mostraram que o lobo parietal inferior, área envolvida em atividades matemáticas, é maior no cérebro deles. Portanto, os homens costumam ser melhores em tarefas matemáticas, enquanto as mulheres se saem melhor em atividades verbais (cuidado com a interpretação!).
7. As mulheres são mais emotivas e expressam com mais facilidade seus sentimentos do que os homens, porque o sistema límbico delas é mais desenvolvido do que o deles (cuidado com a interpretação!).
Interpretação entre diferenças de gênero deve evitar reducionismo perigoso
Os neurocientistas e a sociedade têm que ter muito cuidado ao fazerem as interpretações de tais diferenças, sem reducionismos perigosos. Pode haver uma distorção ao fazer reforços de preconceitos existentes contra a mulher, justificando certas habilidades diferenciadas como um sinônimo de inferioridade.
Lembro-me do discurso infeliz de um antigo reitor da Universidade de Harvard, nos EUA, destacando que as mulheres não seriam tão eficientes e brilhantes no campo das Ciências Exatas. Isso não faz tanto tempo assim, é relativamente recente. No passado, até foram publicados artigos sobre tais diferenças em revistas científicas consagradas como Science and Nature, amplificando e reforçando a suposta inferioridade feminina. Por coincidência, muitos dos cientistas da época eram homens.
Nunca podemos também deixar de levar em consideração o ambiente e a cultura em que o homem e a mulher estão inseridos. Na minha prática clínica, conheço homens sensíveis, afetuosos, que se saem melhor em atividades verbais do que matemáticas ou lógicas. Por outro lado, conheço mulheres que são pesquisadoras brilhantes, exímias matemáticas e com afeto raso e pouco contato verbal.
Biologia e genética não determinam tudo sobre comportamento e habilidades humanas
A biologia e a genética, embora relevantes, não são os únicos determinantes do comportamento e habilidades humanas. Por isso, pessoalmente, eu detesto piadas ou jocosidades a respeito de tais diferenças porque, no fundo, há uma expressão (até inconsciente) de nossos preconceitos e projeções. Isso, é claro, pode ser oriundo tanto dos homens quanto das mulheres. Já ouvi mulheres afirmando “acho aquele cara esquisito, sensível e romântico, pouco decidido e muito delicado”.
Ouvi também comentários de homens do tipo “aquela ali é uma empresária agressiva, racional e mal amada”. Ambos comentários trazem no seu bojo a mensagem que a neurociência jamais quer que tais diferenças se transformem em julgamentos ou justificativas estigmatizadoras dos gêneros, sejam masculinos ou femininos. Até porque alguns cientistas afirmam que cerca de 20% dos homens têm cérebros “femininos” e até 10% das mulheres têm cérebro “masculinizados”.
No próprio campo da sexualidade humana, observamos mudanças do comportamento sexual da mulher, mais arrojada, determinada, exigente e erotizada. Apesar de alguns determinantes biológicos, isso ilustra o quanto o ambiente e as forças sociais podem interferir. O objetivo deve ser sempre o de aprimorar as competências tanto dos homens quanto das mulheres, nunca aprofundar abismos pré-existentes.
Muitos me perguntam por que as mulheres criam discussões em casa, o que elas têm, com relação ao gênero feminino, que contribui para os conflitos de casal. Não vejo que os conflitos entre os casais sejam decorrentes de questões intrínsecas do gênero como as pessoas costumam apregoar – pelo menos na maior parte dos contextos. O principal fator realmente costuma ser a expectativa que se projeta na figura do outro, geralmente, sempre superdimensionada no início de muitos relacionamentos.
A fase de encantamento acaba terminando e daí vem a frustração.
Alguns indivíduos, independentemente de serem homens ou mulheres, costumam projetar no outro verdades ou conceitos baseados em seus próprios valores. A figura idealizada de qualquer pessoa sempre acaba gerando consequências negativas. Ninguém, por melhor que seja, vai ser capaz de sustentar aspectos arquetípicos de um grande herói, infalível em sua essência. Por melhor que sejamos, nossa natureza humana pode se tornar frágil em algum momento.
Entre as questões que costumam gerar mais conflitos entre homens e mulheres, incluem-se a traição, o sentimento de rejeição de um ou de outro, a educação e os valores ensinados aos filhos, religião ou crença, brigas entre as famílias, dependência econômica e sexo. Não acredito ser possível classificar as mais típicas de um gênero ou de outro, tudo vai depender da dinâmica do casal e da própria família adotada em sua convivência diária, na capacidade individual de cada um poder crescer e se transformar.
Na sociedade atual, não vejo questões tão específicas ou típicas de um sexo em relação ao outro, há padrões mutáveis e imprevisíveis, devido aos múltiplos papéis envolvidos.
Fonte: Estado São Paulo